sábado, 19 de fevereiro de 2011

minhas visões ficam embaçadas. _ Ele disse nervoso , parecia não acreditar no que dizia. _Não conseguir vê você. Sabe o risco que correu vindo aqui sozinha? _ Ele mudou de assunto.
_Espera! _ Fiz um sinal com as mãos para que ele parasse. _ Você não ver só o seu futuro?
Não entendia o porquê da minha presença o favorecer de algum jeito.
_ Eu não sei. _Ele pareceu confuso . _ Elas simplesmente acontecem e são curtas, mas desde que você apareceu elas me devoram e são duradoras e você sempre está nelas.
Ele parecia um bêbado argumentando para beber.
Confusão. Eu era culpada por ele está tendo mais visões e por serem em versão estendida?
_ Não entendo. Eu disse.
_ Você não pode ficar longe de mim Angélica. _ Ele pegou e minha mão.
_ Daniel _ minha voz saiu baixa.
O que estava acontecendo?
Me senti fraca, a mercê dele e de suas palavras. Ele se aproximou e me abraçou, fazendo meu corpo desabar sobre o dele. Ficamos um tempo assim, abraçados, não conseguia me separar dele.
_ Vamos para a casa. _ Eu disse finalmente me separando dele. _ Devem está preocupados.
_ Com certeza Katrine está, ela estava histérica quando sair.
Ele abriu a porta do companheiro do motorista para mim e em seguida ocupou o seu lugar. O jeito cavalheiro dele, me encantava.
Ao dá partida, olhei para a janela, evitando o contato com os olhos dele, sentir um arrepio. Não sei se foi bom ou um mal sinal.

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_ Obrigada por ajudar minha mãe. _ Ana agradeceu.
_ Não foi nada.
Havia outros feridos, nada de tão grave, a maioria estava desnutrido e desidratados. Estava contente de está em meio deles, em poder ajudá-los. Sabia pouco, mas para eles era o suficiente.
_ Ai está você!
Estava cuidando de um senhor que tinha um ferimento na testa, quando escutei a voz dele, a voz de Daniel.
Parecia um pai a procura de um filho, sua expressão de preocupação era misturada com alivio, mas depois subiu para a escala da raiva.
_ Você que se matar? Não pode sair sozinha._ Daniel disse quase gritando
O ignorei, cuidei do senhor tranquilamente sem me importar com a presença dele ali. Afinal o que ele estava pensando? Que podia mandar em mim?
_ Escute bem. _ Minhas mãos se apoiaram na cintura sem meu consentimento. _ Não sou prisioneira de vocês.
Ele não me deu atenção, estava ocupado com outra coisa. Ele me olhava, mas não para o meu rosto, lembrei-me da minha metade nua . Eu estava sem a blusa, com o meu sutiã a mostra.
Percebeu que eu havia percebido, ele arqueou uma das sobrancelhas e seus lábios se contorceram em um sorriso.
_ Ninguém disse que era.
O olhar indiferente reinou nele, minha antipatia com isso era notável.
Dei-lhe as costas e me despedi de Ana, Daniel com certeza me faria voltar com ele. Ele me observava, eu pensava em voltar depois para trazer algo.
Estava amanhecendo, os leves tons laranja dourado já havia tingindo céu, o orvalho caia manhosamente.
_ Vista isso.
Ele retirou seu casaco e o estendeu para mim.
_ Obrigada. _ Aceitei sem querer.
O vesti. Estava quentinho e o leve cheiro de madeira em flor invadia minhas narinas. O carro estava logo ali, depois das ruas apertadas, pelo menos devia está. As chaves estavam em meu bolso.
_ Não se preocupe , Córios o tirou daqui. Ele pirou quando não o encontrou na garagem._ Avisou Daniel.
_ Não sabia que era dele. _ Me desculpei. _ Tenho que trazer o meu para cá.
_ Pedirei para Lício trazer. Venha, meu caro está ali.
O caro dele estava mais à frente, era negro como sua moto e seus olhos. As pessoas a nós ver se escondiam, era assim . Ela tinham medo de nós, quanto como tinham dos decadentes.
_ Que fique bem claro Angélica, você não pode fazer o que quê quando quê. _Ele disse quando chegamos ao carro.
_ Não sou propriedade de vocês._ Disse eu o encarando.
Eu abominava a ideia de ser dependente de outra pessoa que não fosse eu.
_ Faço o que quero e quando quero. _ Rebati. _ Vocês não mandam em mim.
_ Você não pode. _Ele suspirou alto. _ Fico cego quando você está longe,
_ Vai me matar?_ Ela perguntou deixando mais lagrimas escaparem.
_ Não.
_ É uma daquelas coisas?
_ Não. _ Respondi novamente
Iria dizer que era um dos puros, mas eles também não tinham vez ali.
_ Só vim ajudar. _ Me aproximei um pouco dela._Está machucada?
O pavor evoluiu para surpresa, ela balançou a cabeça negando.
_ Porquê está chorando? O que faz aqui sozinha?
_ Minha mãe. _ A voz dela falhou.
_ O que tem a sua mãe? _ Me aproximei mais um pouco.
_ Ela está machucada, muito machucada.
_ Onde ela está? Eu posso ajudar.
Ela passou as mãos no rosto, o limpando e esfregou os olhos.
_ Está no armazém, junto com os outros.
_ Me leva até lá? Eu posso ajudá-la._ Estendi a mão para ela.
Ela sorriu sem jeito e pegou fracamente em minha mão. Abandonei o carro e fui andando com ela, também pelas ruas estreitas em que passávamos, carro não adiantaria. O nome dela era Ana e tinha dez anos, ela e sua mãe estavam refugiadas em um armazém junto com outras pessoas, era um abrigo para os que perderam tudo.
O lugar fedia a membros mutilados e mortes prematuras. O armazém era protegido por cortinas de plastico, a mãe dela estava junto com os outros o lugar estava repleto, cada canto abrigava uma pessoa .
Ela me levou até uma mulher que estava deitada sobre um velho cobertor listrado no chão. Ana lembrava ela, a mesma cor de cabelo, os mesmos olhos castanhos. Sua mãe não se assustou com a minha chegada, não tinha forças para isso.
Com febre ela tinha muitos cortes no braço, alguns já com o sangue coagulado. Em sua perna direita havia um corte profundo que ainda sangrava.
_ Pode conseguir um pouco de água limpa?
Ajoelhada em frente a mãe ela se levantou rapidamente e saiu correndo sem me responder. Eu precisava de um pano limpo para a limpeza dos ferimentos e para fazer o estancamento para a ferida na perna. Ela não podia perder mais sangue.
Em momento algum ela falou comigo , apenas me olhava com seus olhos fracos e eu não tive coragem de falar nada.
Ana chegou com uma pequena bacia com água e voltou a ficar ao lado da mãe.
Usei minha camiseta branca para fazer o curativo, a levei a boca a puxando violentamente, o pano não rasgou como é mostrado em alguns filmes, não dá pra acreditar em cenas assim. Minha mandíbula doeu com o esforço feito.
Rasguei dificilmente com as mãos e amarrei forte o ferimento da perna depois que o limpei. Limpei sua face cansada, ela sorriu como agradecimento.
Fiquei feliz, era satisfatório poder ajudar.
Me livrei da roupa, da joia e desabei na cama. Precisava ficar parada, tinha exigido muito do meu corpo. A queimação d da marca havia contaminado outras partes. Sentia meus nervos beliscarem de tanto serem contraídos, eu merecia dias e noites de sono, era injusto não conseguir fazer minha terapia e nem dormi naturalmente.
Minha mente estava deserta, meu rosto devia contém um olhar vazio, meus lábios trancados sem foma. Era estranho não pensar em nada, me esforcei para algo aparecer.
Sentir meu corpo trabalhando. Meus pulmões se expandirem e se contraírem dentro da minha caixa torácica , meu coração batendo. Tive saudades de casa, da faculdade, do restaurante.
Como estaria tudo por lá? Eu esperava que bem.
Fraguei me pensando no futuro , talvez quando tudo terminar eu possa voltar e começar de onde parei.
Olhei para o relógio, indicava ser o inicio do outro dia. Se eu tivesse observado antes talvez achasse que já havia passado um bom tempo. Me fez cair em mim.
Liberta do estagio de nostalgia, vesti uma roupa qualquer e desci decidida a fazer algo que preenchesse o tempo. A sala estava vazia o que me poupava olhares e perguntas. Os gladiadores deviam ter ido embora e os outros descansado.
Sem querer entrei na sala de armas. Armas sagradas, armas de fogo, todas piamente organizadas. Peguei uma arma já carregada e coloquei entre a calça a tampando com a blusa. Não foi a única , peguei também uma das armas dourada , a coloquei dentro da blusa no sutiã a prendendo.
Não teria problema nenhum se eu desse uma volta pela cidade e voltasse antes que eles acordassem. Seria rápido já que estava quase amanhecendo.
Desde que cheguei ao novo mundo fiquei presa ali, rodeando apenas os limites deles.
Peguei emprestado um carro prata, um Corrolla, o grande portão rangeu timidamente. O carro era silencioso e rápido, eu dirigia devagar.
Lugares abandonados, na maioria grandes e chamativas construções, na porta delas pessoas largadas de aparências dignas de pena.
Faces sujas , cabelos maltratados e embolados de qualquer jeito ,muitos com a doença estampada e com o desespero rindo. Sentia-me mal por isso, mal por eles, um pouco assustada, um pouco culpada.
Como era possível, uma cidade está assim?
Meus olhos avistaram uma garotinha. Ela estava debaixo de um alpendre com as mãos ao redor do corpo a protegendo, sua cabeça estava entre as pernas. Lembrei de Katrine e sua trajetória. Parei o carro e desci.
Ela não notou minha presença e pelas fungadas estava chorando. Estava com uma calça já rasgando e um casaco grande sujo, seus cabelos marrons desciam sobre ele.
_ Olá! _ Chamei sua atenção.
Ela levantou a cabeça rapidamente, seu olhar continha pavor, as lágrimas que escorriam de olhos vermelhos e inchados provavam que aquelas lagrimas não eram únicas.
O que havíamos descartado estava acontecendo. Descobertos e encurralados, não iriamos dá conta de todos, a grande porta estava bloqueada por guardas. Não iria ser tão fácil escapar.
Com um aceno de cabeça o autor daquilo tudo mudou a situação. Com o aceno de Galápagos Pandora nos revelou verdadeiramente os fazendo se aproximar, nada carinhosos . O chão começou a tremer , desequilibrando tudo e todos.
O tremor crescia fazendo rachaduras brotarem. Foi a distração perfeita para fugimos.
_ Porquê não soterrá-los agora? _ Pandora perguntou empolgada.
_ Isso exige tempo e isso é uma coisa que nos falta._ Respondeu Galápagos.
Como escalado por Karmos fugimos pela mata, seguimos uma trilha que nos levou ao encontro dos carros.
Voltamos para a casa com o plano perfeito arruinado. Galápagos e os seus vieram conosco para casa de Karmos. Estava envergonhado, era propicio ao momento.
Todos apostavam que fosse Daniel a estragar tudo e quase foi mesmo, mas acabou dividida entre mim e Galápagos. Cinquenta por cento pra cada.
Reunidos na sala, todos os classificados “Puros” em um silêncio cortante.
Minha cabeça estava deitada sobre o colo de Katrine, ela à acariciava me acalmando. Como Calixto sabia? Como os outros eu não tinha o minimo de presença e o vestido escondia bem a minha marca. A menos que ele tivesse sentindo a minha dor. Será que era isso?
_ Nada a dizer? _ Perguntou Daniel. _ Se fosse eu, estariam decidindo o lugar onde me exalariam.
Ninguém respondeu, Galápagos não gostou do que ouviu, mas não disse nada. Daniel estava certo e ele sabia.
_ A culpa não foi só dele. _ Kaia interveio._ Angélica também foi conhecida.
Olhares caíram sobre mim, notei a expressão de satisfação dela.
_ Diz isso por implicância, todos sabem que você não gosta dela por causa de Daniel.
A expressão dela não mudou, mesmo sabendo que Katrine estava certa.
_ Teria realmente sido eu, se ela não tivesse me ajudado.
_ Claro. _ Ela disse irônica. _ Arrumou um bom jeito de ajudá-lo.
_ Vamos parar com isso. _ Disse Karmos. _ Acusações não iram nos levar a nada, o importante é que estamos bem.
Fui para meu quarto sem dizer nada, aquilo tudo me deixou cansada. Não era o que eu precisava para dormir, mas era o suficiente para pedi pausa para reposição.
_ Devo dize que está o liderando. Isso é bom? _ Ele perguntou.
_ È? _ Respondi com outra pergunta.
_ Para mim sim.
Não ouve mais pergunta ou declarações, fui apenas uma marionete em suas mãos.
_ Incrível. _ Ele disse quando a melodia terminou.
_ Foi uma boa dança. _ Mentir.
_ Não falo disso. Refiro-me a outra coisa.
Meu coração parou. No que ele estava falando?
_ O que seria?_ Me olhos já varriam o salão em busca de ajuda.
_ Como está suportando?
_ O quê?_ Meus olhos pararam.
_ A dor.. _ Ele cantou.
Ele sabia. Mas como ele sabia?
_ Não sei do que está falando.
_ Acho que sabe sim. _ Ele pousou a mão na marca. Gemi de dor.
Como se fosse uma miragem, vi Daniel se aproximar. Quando realmente apareceu Calixto me entregou a ele e saiu com seus grandes lábios contraído em sorriso.
_ Ele sabe. _ Eu disse apavorada
_ O quê? _ Daniel perguntou perdido.
_ Da marca, da dor. _ Balbuciei.
_ Temos que sair daqui. _ Ele disse me arrastando. _ Reconheceram Galápagos.
Juntamo-nos aos outros, estávamos preparando para fugir quando Baronesa, a alimentadora nos anunciou.
_ Como agradecimento pela maravilhosa comemoração, nós lhe damos os puros. _ Ela nos indicou.
Todos se voltaram a nós, nos encurralando. Estávamos perdidos
_ Vamos fugir?_ Perguntou Katrine.
_ Se quiser ficar, fique a vontade. _ Disse Licio.
_ A pergunta certa é pra onde. _ Reclamou Daniel.

14.Saideira

Só tive consciência do meu ato quando ele correspondeu.
Seus lábios receberam os meus bem, não ouve precipitações ou violações, foi terno, gentil. Suas mãos enlaçadas em minha cintura me envolveram em um abraço. Esqueci-me das pessoas ali, do lugar em si. Só havia eu e ele, nada mais.
Imaginei o quanto de distração seria necessário, logo nossos pulmões queimariam em busca de ar.
Meus lábios deixaram os deles relutantes, quando ele abriu os olhos fiquei feliz em ver a escuridão neles, em seguida fiquei envergonhada.
_ Obrigado. _Ele disse nos fazendo voltar a dançar.
_ Mais um salvamento e estamos quites. _ Falei olhando para além dele.
_ Ou não._ Ele soltou.
Não acreditava que eu havia feito aquilo. Apesar de ter sido algo para o bem de todos me traria problemas, Kaia era o nome de todos eles, mas o que eu realmente temia era ter gostado do salvamento.
_ Cavalheiro. _ Alguém chamou. A voz era do tipo que se exigia de um locutor de rádio.
Paramos de dançar, Daniel apertou minha mão a ver quem era.
Um dos lideres estava ali a nossa frente.
Calixto o invocador. Ele não era tão grande como eu havia julgado, seu traje que o fantasiava assim. Sua pele era de um bronzeado falho, sem vida. Sua face aparentava de um homem bem sucedido, um pouco esticada com a boca grande na largura e seus olhos me lembravam os de Anita, mas o cinza dele era como a noite coberta por nevoa.
_ Me daria à honra de dançar com sua dama?
_ Claro, senhor. _ Daniel disse o reverenciando.
Colocou minha mão sobre a dele já aberta e saiu me dando um olhar de cuidado. Minha marca queimava com vontade, parecia afundar na minha carne. Parecia gritar: _ “Não entendeu que isso significa perigo?”
O reverenciei, ele sorriu.
_ Não sabia que aqui havia tantas belas damas.
_ Estou nesse grupo?