sábado, 19 de fevereiro de 2011

_ Vai me matar?_ Ela perguntou deixando mais lagrimas escaparem.
_ Não.
_ É uma daquelas coisas?
_ Não. _ Respondi novamente
Iria dizer que era um dos puros, mas eles também não tinham vez ali.
_ Só vim ajudar. _ Me aproximei um pouco dela._Está machucada?
O pavor evoluiu para surpresa, ela balançou a cabeça negando.
_ Porquê está chorando? O que faz aqui sozinha?
_ Minha mãe. _ A voz dela falhou.
_ O que tem a sua mãe? _ Me aproximei mais um pouco.
_ Ela está machucada, muito machucada.
_ Onde ela está? Eu posso ajudar.
Ela passou as mãos no rosto, o limpando e esfregou os olhos.
_ Está no armazém, junto com os outros.
_ Me leva até lá? Eu posso ajudá-la._ Estendi a mão para ela.
Ela sorriu sem jeito e pegou fracamente em minha mão. Abandonei o carro e fui andando com ela, também pelas ruas estreitas em que passávamos, carro não adiantaria. O nome dela era Ana e tinha dez anos, ela e sua mãe estavam refugiadas em um armazém junto com outras pessoas, era um abrigo para os que perderam tudo.
O lugar fedia a membros mutilados e mortes prematuras. O armazém era protegido por cortinas de plastico, a mãe dela estava junto com os outros o lugar estava repleto, cada canto abrigava uma pessoa .
Ela me levou até uma mulher que estava deitada sobre um velho cobertor listrado no chão. Ana lembrava ela, a mesma cor de cabelo, os mesmos olhos castanhos. Sua mãe não se assustou com a minha chegada, não tinha forças para isso.
Com febre ela tinha muitos cortes no braço, alguns já com o sangue coagulado. Em sua perna direita havia um corte profundo que ainda sangrava.
_ Pode conseguir um pouco de água limpa?
Ajoelhada em frente a mãe ela se levantou rapidamente e saiu correndo sem me responder. Eu precisava de um pano limpo para a limpeza dos ferimentos e para fazer o estancamento para a ferida na perna. Ela não podia perder mais sangue.
Em momento algum ela falou comigo , apenas me olhava com seus olhos fracos e eu não tive coragem de falar nada.
Ana chegou com uma pequena bacia com água e voltou a ficar ao lado da mãe.
Usei minha camiseta branca para fazer o curativo, a levei a boca a puxando violentamente, o pano não rasgou como é mostrado em alguns filmes, não dá pra acreditar em cenas assim. Minha mandíbula doeu com o esforço feito.
Rasguei dificilmente com as mãos e amarrei forte o ferimento da perna depois que o limpei. Limpei sua face cansada, ela sorriu como agradecimento.
Fiquei feliz, era satisfatório poder ajudar.

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